Bento XVI: O Cristianismo é o encontro com o Senhor ressuscitado
16 abril 2012
Autor: Bíblia Católica | Postado em: Igreja
Vaticano, 16 Abr. 12 / 08:53 am (ACI)
Em sua mensagem prévia à oração do Regina Caeli, na Praça de São Pedro, diante dos milhares de fiéis ali reunidos, o Papa Bento XVI sublinhou que o culto cristão não é somente uma comemoração de eventos passados ou uma particular experiência mística, mas essencialmente o encontro com o Senhor ressuscitado.
“Através destes sinais nós vivemos aquilo que experimentaram os discípulos, isto é, o fato de ver Jesus e ao mesmo tempo de não reconhece-lo, de tocar o seu corpo, um corpo verdadeiro, mas livre das ligações terrenas”.
O Santo Padre remarcou a importância de aproximar-nos de Jesus, “que vive na dimensão de Deus, além do tempo e do espaço, e todavia se faz realmente presente na comunidade, nos fala nas Sagradas Escrituras e parte para nós o Pão da Vida Eterna”.
Depois de recordar a primeira aparição de Jesus aos apóstolos no cenáculo, Bento XVI assinalou que “a celebração do Dia do Senhor é uma prova muito forte da Ressurreição de Cristo, porque somente um acontecimento extraordinário e envolvente poderia levar os primeiros cristãos a iniciar um culto diferente em relação ao do sábado hebraico”.
O Papa indicou a importância de que nas duas aparições do Senhor aos apóstolos, Jesus repetiu várias vezes a saudação da paz, convertendo um gesto tradicional em algo novo, um dom que só Ele pode dar.
“A ‘paz’ que Jesus oferece aos seus amigos é o fruto do amor de Deus que o levou a morrer na cruz, a derramar todo o seu sangue, como Cordeiro manso e humilde, “cheio de graça e verdade””.
“Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o dom da paz que nos oferece Jesus ressuscitado, deixemos que o nosso coração se encha da sua misericórdia! Desde modo, com a força do Espírito Santo, o Espírito que ressuscitou Cristo dos mortos, também nós possamos levar aos outros estes dons pascais. Que isso nos obtena Maria Santíssima, Mãe da Misericórdia”, concluiu o Papa.
5 abril 2012 Autor: Bíblia Católica | Postado em: Doutrina Católica
Fonte: Canção Nova Notícias
Com a celebração do Domingo de Ramos no último domingo, 1º, os católicos iniciaram a Semana Santa, que todos os anos mobiliza milhares de fiéis para reviver os últimos passos de Jesus Cristo. Diversas tradições são realizadas ao longo de toda a semana em preparação ao acontecimento mais importante para esses religiosos: a Páscoa do Senhor.
De acordo com o assessor da Pastoral Litúrgica da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Hernaldo Pinto Farias, o povo tem uma religiosidade muito marcada e, nesses dias da Semana Santa, são muitas as pessoas que procuram a Igreja.
“As pessoas se identificam com o Cristo morto na Cruz, com o Cristo sofredor, das lágrimas, com o Cristo que acolhe as mulheres que choram, que se identificam também por causa dos seus sofrimentos, das suas dores”, explicou.
O padre destacou que essa identificação é importante porque leva a uma vivência da fé, a uma intimidade com o Cristo que, na Sua Cruz, acolhe os sofrimentos de todos os povos.
O sacerdote, porém, ressaltou a constante necessidade de formação para vivenciar bem estes dias, embora a Igreja já invista nesse processo formativo. “Quanto mais somos formados, sobretudo no campo litúrgico, melhor vivemos nossa fé. Nosso crescimento não é apenas de estatura, de idade, mas crescemos também no campo da fé”, enfatizou.
Tradições populares
Nem todas as celebrações da Semana Santa são universais. Procissão do Encontro, na Quarta-feira Santa, Procissão do Fogaréu, conhecida também como Noite da Prisão, Procissão do Enterro ou do Senhor Morto e Malhação do Judas no Sábado de Aleluia são algumas ações que não são realizadas em todas as paróquias.
A explicação, segundo padre Hernaldo, é que estas não são celebrações prescritas pela Igreja para a Semana Santa, mas fazem parte do universo da religiosidade popular e acabam sendo mais intensas em alguns lugares e em outros não.
Essas tradições podem ser vistas como práticas da piedade popular, o que a Igreja não condena. De acordo com padre Hernaldo, a piedade popular tem o seu valor na experiência de fé do povo; são práticas que ajudam o povo a se colocar nessa intimidade com o Senhor. “É uma forma de eles manifestarem sua fé, à sua maneira, sim, mas o que temos que fazer que a Igreja sempre solicitou é que essas práticas não sejam fins em si mesmas, ou seja, que elas conduzam à verdadeira liturgia”, ressaltou padre Hernaldo.
Significado das tradições da Semana Santa
- Missa de Ramos: abre a Semana Santa. Na procissão, o louvor do povo com os ramos é o reconhecimento messiânico da pessoa de Jesus
- Missa dos Santos Óleos: acontece na manhã da Quinta-feira Santa. O óleo de oliva misturado com perfume (bálsamo) é consagrado pelo Bispo para ser usado nas celebrações do Batismo, Crisma, Unção dos Enfermos e Ordenação.
- Missa de Lava pés: acontece na Quinta-feira Santa à noite. O gesto de Cristo em lavar os pés dos apóstolos deve despertar a humildade, mansidão e respeito com os outros. Neste dia, faz-se memória à Última Ceia, quando Jesus instituiu a Eucaristia. Ainda na quinta-feira, o altar é despido para tirar da igreja todas as manifestações de alegria e de festa, como manifestação de um grande e respeitoso silêncio pela Paixão e Morte de Jesus.
- Tríduo Pascal: começa na Quinta-feira Santa. São três dias santos em que a Igreja faz memória da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.
- Jejum e abstinência de carne vermelha: realizados na Sexta-feira Santa, constituem uma forma de participar do sofrimento de Jesus. É um dia alitúrgico na Igreja, com a celebração da adoração da Cruz. Impera o silêncio e clima de oração, fazendo memória à paixão e morte do Senhor.
- Vigília Pascal: é realizada no Sábado de Aleluia, em que se vai anunciar a ressurreição de Cristo; sua vitória sobre a morte.
27 fevereiro 2012Autor: Bíblia Católica | Postado em: Doutrina Católica
Santificação do Sábado ou do Domingo?
Quantas vezes você já não deve ter ouvido coisas do tipo como:
“Guardarás o sábado, e o santificarás como te ordenou o Senhor, Teu Deus”, (Cf. Dt 5,12). A ordem é ou não é clara? Com qual autoridade – queria saber – a Igreja Católica adotou o domingo?
Talvez você não tenha tido resposta, ou mesmo a tendo não a conhecia por completo. A intenção deste breve esclarecimento de nossa Fé Católica é trazer ao conhecimento aquilo que nossa Tradição, Magistério e as Sagradas Escrituras nos falam a respeito e com isso termos a real, verdadeira e nítida noção do motivo pelo qual nós (Católicos) temos o Domingo como o Dia de Nosso Senhor.
SÁBADO
Antes de mais nada, a palavra “sábado” não indica um dia da semana, mas sim “repouso”. Por tanto seis dias de trabalho, depois descanso dedicado a Deus:
1.1. Em Hebraico, as palavras para sábado são: (a) SHABBATH, que significa (dia) de descanso’, ‘cessação’, ‘interrupção’ (Ex. 20:8). (b) SHABBATHON, tempo sagrado para repouso (Ex 31:15). Em Levítico 23:32 encontramos os dois termos usados juntos: SHABBATH SHABBATHON – O SÁBADO DE DESCANSO.
1.2. Em Grego as palavras são: (a) SÁBBATON – uma transliteração da palavra hebraica Shabbath. (b) SÁBBATA – pode ser o plural de SÁBBATON ou a transliteração do aramaico SHABBETHA (Ex 16:23; Mt 12:1)”.
Assim como também nos afirma o CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA:
2168. O terceiro mandamento do Decálogo refere-se à santificação do sábado: «O sétimo dia é um sábado: um descanso completo consagrado ao Senhor» (Ex 31, 15).
2169. A Escritura faz, a este propósito, memória da criação: «Porque em seis dias o Senhor fez o céu e a terra, o mar e tudo o que nele se encontra, mas ao sétimo dia descansou. Eis porque o Senhor abençoou o dia do sábado e o santificou» (Ex 20, 11).
O desenrolar do Antigo Testamento permeia toda esta importância dada ao sábado judaico e com isso o povo da época foi assim alimentando toda esta prefiguração que logo mais em Jesus Cristo tomaria um renovado e definitivo significado na plenitude da Revelação. Ainda é importante salutar o que o CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA nos ensina a respeito da maneira que Nosso Senhor se portou em relação ao “sábado”:
2173. O Evangelho relata numerosos incidentes em que Jesus é acusado de violar a lei do sábado. Mas Jesus nunca viola a santidade deste dia. É com autoridade que Ele dá a sua interpretação autêntica desta lei: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado» (Mc 2, 27). Cheio de compaixão, Cristo autoriza-Se, em dia de sábado, a fazer o bem em vez do mal, a salvar uma vida antes que perdê-la. O sábado é o dia do Senhor das misericórdias e da honra de Deus. «O Filho do Homem é Senhor do próprio sábado» (Mc 2, 28).
Desta forma fica caracterizado a melhor maneira de iniciarmos o entendimento do Domingo para nossa Fé Católica.
DOMINGO
Como vimos ainda a pouco Jesus era e é o dono do sábado, o que por pura lógica significava ter o poder de fazer do sábado o que bem entendia e bem sabemos que a liberdade de Jesus com referência ao sábado, foi um dos motivos da sua condenação, é só conferir os Evangelhos: Mateus 12,14; Marcos 3,6; Lucas 6,6-11.
Como veremos logo a seguir o principal motivo de hoje o “Domingo” ter se tornado para nós cristãos Católicos o dia do Senhor foi o motivo de sua Ressurreição, que para nós é o fundamento maior de nossa Fé:
2174. Jesus ressuscitou de entre os mortos «no primeiro dia da semana» (Mc 16, 2) . Enquanto «primeiro dia», o dia da ressurreição de Cristo lembra a primeira criação. Enquanto «oitavo dia», a seguir ao sábado, significa a nova criação, inaugurada com a ressurreição de Cristo. Este dia tornou-se para os cristãos o primeiro de todos os dias, a primeira de todas as festas, o dia do Senhor (Hê kuriakê hêméra, dies dominica), o «Domingo»
Assim o Domingo tornou-se o dia mais importante para o Cristianismo pois “Se Jesus não tivesse ressuscitado seria vã a nossa fé” (Cf. 15,14). Nisso a coerência levou os Apóstolos a preferi-lo para a celebração da Eucaristia, nas comunidades, e por conseguinte nossa Tradição continuou-lhes o costume, até declará-lo dia santo dos cristãos:
“Reunimo-nos todos no dia do Sol, porque foi o primeiro dia [após o Sábado judaico, mas também o primeiro dia] em que Deus, tirando das trevas a matéria, criou o mundo, mas também porque Jesus Cristo, nosso Salvador, nesse mesmo dia ressuscitou dos mortos.” São Justino (100-165)
“Os que viveram segundo a antiga ordem das coisas alcançaram uma nova esperança, não guardando já o sábado mas o dia do Senhor, em que a nossa vida foi abençoada por Ele e pela sua morte.” Santo Inácio de Antioquia (35-110)
“A Epístola de Barnabás (74 d.C.) um dos documentos mais antigos da Igreja, anterior ao Apocalipse, dizia: “Guardamos o oitavo dia (o domingo) com alegria, o dia em que Jesus levantou-se dos mortos” (Barnabás 15:6-8).
“O dia do Senhor, o dia da ressurreição, o dia dos cristãos, é o nosso dia. É por isso que ele se chama dia do Senhor: pois foi nesse dia que o Senhor subiu vitorioso para junto do Pai. Se os pagãos o denominam dia do sol, também nós o confessamos de bom grado: pois hoje levantou-se a luz do mundo, hoje apareceu o sol de justiça cujos raios trazem a salvação.” São Jerônimo (†420), (CCL, 78,550,52)
Assim, dessa forma as Sagradas Escrituras também nos trazem este entendimento acerca do Dia do Senhor:
“E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro” (Mt 28.1).
“E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol” (Mt 16.2).
“E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado, e algumas outras com elas” (Lc 24.1).
“E no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro” (Jo 20.1).
“Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco” (Jo 20.19).
“E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a prática até a meia-noite” (At 20.7).
“No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar (1Co 16.2).
Dessa maneira nossa Tradição, Magistério e as Sagradas Escrituras atestam mais uma vez a Verdade de nossa Fé Católica nos esclarecendo e afirmando aquilo que é a mais de 20 séculos a única e Verdadeira Igreja de Cristo e dos Apóstolos.
A Quaresma é um tempo para renovar nossa relação com Deus, recorda o Papa no Ângelus
26 fevereiro 2012Autor: Bíblia Católica | Postado em: Santa Sé
O Papa Bento XVI ressaltou que o tempo da Quaresma é “propício para renovar e melhorar o equilíbrio do nosso relacionamento com Deus, por meio da oração cotidiana, os gestos de penitência e as obras de caridade fraterna”.
Em seu breve discurso prévio à oração do Ângelus, na Praça São Pedro frente a milhares de fiéis ali reunidos, o Santo Padre fez uma exortação a ter “a paciência e a humildade de seguir todos os dias o Senhor, aprendendo a construir a nossa vida não sem Ele ou como se Ele não existisse, mas Nele e com Ele, porque é a fonte da verdadeira vida.”.
Bento XVI fez referência ao relato bíblico posterior ao batismo do Jesus no Jordão, quando fica no deserto durante quarenta dias.
“O que pode nos ensinar este episódio? Como lemos no livro Imitação de Cristo, “o homem nunca é totalmente livre da tentação, até o fim da vida… Mas com paciência e verdadeira humildade, se tornará mais forte do que qualquer inimigo’”.
O Papa assinalou que a seguir, “Jesus proclama que “o tempo se cumpriu e o reino de Deus está próximo” (Mc 1,15), anuncia que Nele acontece algo novo: Deus se fez homem, de modo inesperado, com uma proximidade única e concreta, plena de amor; Deus se encarna e entra no mundo como homem e traz para si o pecado, para vencer o mal e reconduzir o homem ao mundo de Deus”.
Para o Santo Padre, “este anúncio é acompanhado por uma exigência: corresponder a esse dom tão grande. Jesus, de fato, acrescenta: “convertei-vos e crede no evangelho”; é o convite a ter fé em Deus e a converter todos os dias nossa vida a Sua vontade, orientando, para o bem, cada ação nossa e cada pensamento”.
Bento XVI também encomendou o caminho quaresmal a Maria Santíssima, para contar com seu amparo “nos ajude a imprimir em nosso coração e em nossa vida a Palavra de Jesus Cristo, para convertermos a Ele”.
Tempo de refletir: "Quaresma"
Na quaresma devemos refletir:
Papa: Na Quaresma vemos que Deus nos dá a vitória apesar das agitações da vida
23 fevereiro 2012 Autor: Bíblia Católica | Postado em: Santa Sé
Vaticano, 22 Fev. 12 / 01:24 pm (ACI/EWTN Noticias)
No início da Quaresma hoje, Quarta-feira de Cinza, o Papa Bento XVI refletiu sobre este tempo de preparação para a Páscoa e exortou a ver que o Senhor dá aos fiéis a vitória apesar das agitações da vida.
Diante de quase 8 mil fiéis presentes na Sala Paulo VI no Vaticano, o Santo Padre exortou, falando em espanhol, a que “durante a Quaresma, a imitação do Senhor, sintamos como Deus fortalece nosso espírito e nos dá a vitória, face às naufraga da vida presente”.
Bento XVI alentou ademais a que na Quaresma os fiéis encontrem “novo valor para aceitar com paciência e fé qualquer situação de dificuldade, aflição e de prova, sabendo que o Senhor fará surgir das trevas o novo dia”.
“E se fiéis a Jesus seguindo-o pelo caminho da Cruz, o claro mundo de Deus, o mundo da luz, a verdade e a alegria, nos será dado de novo”.
O Papa explicou que na Igreja antiga, a Quaresma era o tempo no que os catecúmenos iniciavam seu caminho de fé e conversão para receber o batismo.
Pouco a pouco, todos os fiéis convidados a viver este período de renovação espiritual. Deste modo, “a participação de toda a comunidade nas diversas passagens do itinerário quaresmal sublinha uma dimensão importante da espiritualidade cristã: graças à morte e ressurreição de Cristo, a redenção alcança não a uns poucos mas a todos”.
O Papa explicou que “o tempo que precede a Páscoa um tempo de ‘metanoia’, o tempo da mudança, do arrependimento; o tempo que identifica nossa vida e toda nossa história com um processo de conversão que põe-se em marcha agora para encontrar o Senhor no final dos tempos”.
A Igreja denomina este tempo “Quadragésima”, tempo de quarenta dias, com uma referência precisa à Sagrada Escritura, já que “quarenta o número simbólico com o que o Antigo e o Novo Testamento representam os momentos principais da experiência de fé do Povo de Deus”.
“Uma cifra que expressa o tempo da espera, da purificação, do retorno ao Senhor, da consciência de que Deus é fiel a suas promessas, (…) um tempo dentro do qual é preciso decidir-se a assumir as próprias responsabilidades sem as postergar ulteriormente. O tempo das decisões amadurecidas”.
Noé transcorre 40 dias na arca por causa do dilúvio, e logo tem que esperar outros 40 antes de poder descer à terra firme. Moisés permanece 40 dias no monte Sinai para recolher os Mandamentos. O povo hebreu peregrina 40 anos pelo deserto, e goza logo depois de outros 40 de paz sob o governo dos Juízes.
No Novo Testamento, Jesus se retira a orar ao deserto durante 40 dias antes de iniciar a vida pública, e, depois da ressurreição, instrui os discípulos durante 40 dias antes de subir ao Céu.
A liturgia da Quaresma, assinalou o Papa, “tem como fim favorecer um caminho de renovação espiritual –à luz desta longa experiência bíblica– e, sobre tudo, de imitação de Jesus, que nos 40 dias que passou no deserto nos ensinou a vencer a tentação com a Palavra de Deus”.
“Jesus se dirige ao deserto para estar em profunda união com o Pai. Esta dinâmica é uma constante na vida terrena de Jesus, que busca sempre momentos de solidão a fim de rezar ao Pai e permanecer em íntima e exclusiva comunhão com Ele, para voltar logo em meio do povo”.
Neste tempo de “deserto”, continuou o Santo Padre, “Jesus assaltado pela tentação e as seduções do maligno, quem lhe propõe uma via messiânica afastada do projeto de Deus porque passa através do poder, do êxito, do domínio, em lugar de passar pelo amor e o dom total na Cruz”.
Bento XVI assinalou que a Igreja peregrina pelo “deserto” do mundo e da história, formado pelo aspecto negativo da realidade: “a pobreza de palavras de vida e de valores, o secularismo e a cultura materialista, que confinam a pessoa no horizonte mundano da existência sem nenhuma referência ao transcendente”.
“Neste ambiente, o céu sobre nós escuro, porque está coberto pelas nuvens do egoísmo, da incompreensão e do engano. Não obstante, também para a Igreja de hoje o tempo do deserto pode transformar-se em tempo de graça, já que temos a certeza de que, inclusive da rocha mais dura, Deus pode fazer brotar água viva que refresca e restaura”.
Ao final da catequese, Bento XVI saudou em vários idiomas os peregrinos; falando em polonês, sublinhou que “o jejum e a oração, a penitência e as obras de misericórdia” os principais meios para preparar a celebração da Páscoa.
O Papa deu também umas especiais boas-vinda aos fiéis do Ordinariato Pessoal de Nossa Senhora de Walsingham, erigido recentemente há mais de um ano, dentro do território da Inglaterra e Gales, para grupos de sacerdotes e fiéis anglicanos que desejem entrar em plena comunhão com a Igreja Católica.
22 fevereiro 2012 Autor: Bíblia Católica | Postado em: Doutrina Católica
Uma prática que se repete desde os primórdios do cristianismo
ROMA, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012 (ZENIT.org) – Em preparação para a Páscoa, surgiu já nos primeiros tempos do cristianismo um período voltado a preparar melhor os fiéis para o mistério central da Redenção de Cristo.
Esse período era de um dia apenas. Ele foi se alongando com o tempo, até chegar à duração de 6 semanas. Daí o nome quaresma, do latim quadragesimae, em referência aos 40 dias de preparação para o mistério pascal. A quaresma, para os fiéis, envolve duas práticas religiosas principais: o jejum e a penitência. O primeiro, que já chegou a ser obrigatório para todos os fiéis entre os 21 e os 60 anos de idade, exceto aos domingos, foi introduzido na Igreja a partir do século IV.
O jejum na antiga Igreja latina abrangia 36 dias. No século V, foram adicionados mais quatro, exemplo que foi seguido em todo o Ocidente com exceção da Igreja ambrosiana. Os antigos monges latinos faziam três quaresmas: a principal, antes da Páscoa; outra antes do Natal, chamada de Quaresma de São Martinho; e a terceira, a de São João Batista, depois de Pentecostes.
Se havia bons motivos para justificar o jejum de 36 dias, havia também excelentes razões para explicar o número 40. Observemos em primeiro lugar que este número nas Sagradas Escrituras representa sempre a dor e o sofrimento.
Durante 40 dias e 40 noites, caiu o dilúvio que inundou a terra e extinguiu a humanidade pecadora (cf. Gn. 7,12). Durante 40 anos, o povo escolhido vagou pelo deserto, em punição por sua ingratidão, antes de entrar na terra prometida (cf. Dt 8,2). Durante 40 dias, Ezequiel ficou deitado sobre o próprio lado direito, em representação do castigo de Deus iminente sobre a cidade de Jerusalém (cf. Ez 4,6). Moisés jejuou durante 40 dias no monte Sinai antes de receber a revelação de Deus (cf. Ex 24, 12-17). Elias viajou durante 40 dias pelo deserto, para escapar da vingança da rainha idólatra Jezabel e ser consolado e instruído pelo Senhor (cf. 1 Reis 19, 1-8). O próprio Jesus, após ter recebido o batismo no Jordão, e antes de começar a vida pública, passou 40 dias e 40 noites no deserto, rezando e jejuando (cf. Mt 4,2).
No passado, o jejum começava com o primeiro domingo da quaresma e terminava ao alvorecer da Ressurreição de Jesus. Como o domingo era um dia festivo, porém, e não lhe cabia portanto o jejum da quaresma, o Dia do Senhor passou a ser excluído da obrigação. A supressão desses 4 dias no período de jejum demandava que o número sagrado de 40 dias fosse recomposto, o que trouxe o início do jejum para a quarta-feira anterior ao primeiro domingo da quaresma.
Este uso começou nos últimos anos da vida de São Gregório Magno, que foi o sumo pontífice de 590 a 604 d.C. A mudança do início da quaresma para a quarta-feira de cinzas pode ser datada, por isto, nos primeiros anos do século VII, entre 600 e 604. Aquela quarta-feira foi chamada justamente de caput jejunii, ou seja, o início do jejum quaresmal, ou caput quadragesimae, início da quaresma.
A penitência para os pecadores públicos começava com a sua separação da participação na liturgia eucarística. Mas uma prescrição eclesiástica propriamente dita a este respeito é encontrada apenas no concílio de Benevento, em 1901, no cânon 4.
O cristianismo primitivo dedicava o período da quaresma a preparar os catecúmenos, que no dia da Páscoa seriam batizados e recebidos na Igreja.
A prática do jejum, desde a mais remota antiguidade, foi imposta pelas leis religiosas de várias culturas. Os livros sagrados da Índia, os papiros do antigo Egito e os livros mosaicos contêm inúmeras exigências relativas ao jejum.
Na observância da quaresma, os orientais são mais severos que os cristãos ocidentais. Na igreja greco-cismática, o jejum é estrito durante todos os 40 dias que precedem a Páscoa. Ninguém pode ser dispensado, nem mesmo o patriarca. Os primeiros monges do cristianismo, ou cenobitas, praticavam o jejum em rememoração de Jesus no deserto. Os cenobitas do Egito comiam contados pedaços de pão por dia, metade pela manhã e metade à noite, com um copo d’água.
Houve um tempo em que não era permitida mais que uma única refeição por dia durante a quaresma. Esta refeição única, no século IV, se realizava após o pôr-do-sol. Mais tarde, ela foi autorizada no meio da tarde. No início do século XVI, a autoridade da Igreja permitiu que se adicionasse à principal refeição a chamada “colatio”, que era um leve jantar. Suavizando-se cada vez mais os rigores, a carne, que antes era absolutamente proibida durante toda a quaresma, passou a ser admitida na refeição principal até três vezes por semana.
As taxativas exigências do jejum quaresmal eram publicadas todos os anos em Roma no famoso Édito sobre a Observância da Quaresma. A prática do jejum, no passado, era realmente obrigatória, e quem a violasse assumia sérias consequências.
Os rigores eram tais que o VIII Concílio de Toledo, em 653, ordenou que todos os que tinham comido carne na quaresma sem necessidade se abstivessem durante todo o ano e não recebessem a comunhão no dia da Páscoa.
Giovanni Preziosi
22 fevereiro 2012 Autor: Bíblia Católica | Postado em: Igreja
Vaticano, 22 Fev. 12 / 10:09 am (ACI/EWTN Noticias)
Em sua mensagem para a Quaresma 2012, o Papa Bento XVI alentou os católicos a recuperarem a correção fraterna porque diante do mal não devemos ficar calados.
No texto titulado “Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras” apresentado em conferência de imprensa no Vaticano, o Santo Padre recordou “um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correção fraterna, tendo em vista a salvação eterna”.
Hoje em dia, disse o Papa, “se é muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro”.
Depois de recordar que “Cristo mesmo nos manda repreender ao irmão que está cometendo um pecado”, o Santo Padre ressaltou que “Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem”.
“Entretanto a advertência cristã nunca há de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão”, precisou.
O Papa sublinhou logo que “neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade”.
Bento XVI explicou também que a Quaresma um tempo para refletir sobre a caridade e assegurou que “um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal”.
“À vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas. Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa.”, assegurou.
O Papa assinalou que em meio de um mundo que está acostumado a ser indiferente ou desinteressado para com outros, necessário “fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos”.
“Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos, para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem”.
O Santo Padre assinalou na mensagem que “O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o fato de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor”.
Bento XVI indicou que as pessoas devem superar o olhar sobre os próprios interesses e preocupações, para poder olhar o outro: “sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre”.
“Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende»”, acrescenta.
O Papa referiu além que ser “guardiães” de outros “contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de considerá-la na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual”.
“Uma sociedade como a atual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã!”, precisou.
O Pontífice se referiu também ao chamado pessoal à santidade que tem todo cristão, através da vivencia do amor plasmado em obras boas para que Igreja cresça e se desenvolve para chegar “à plena maturidade de Cristo”.
O Papa Bento XVI adverte logo do perigo da tibieza, que deve ser superada, para pôr em obra as “riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal”.
A mensagem na íntegra de Bento XVI pode ser lida no site do Vaticano em português em:
https://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/messages/lent/documents/hf_ben-xvi_mes_20111103_lent-2012_po.html